quarta-feira, 18 de junho de 2014

Sobre o latim no judiciário

O latim deve ser banido do judiciário. Juízes, servidores e advogados enchem decisões e petições de termos estranhos aos clientes. A função do poder público é resolver problemas, não obscurecê-los por língua caída em desuso.

Julgo procedente in totum, escreveu o servidor-chefe em seu gabinete. Mas ao pegar sua decisão, Pedro, que sequer completou o ensino médio, mal sabe dizer o que é procedente. In totum, cogita até que perdeu a causa e pode ser preso.


Mas se Pedro mal saber ler, não entenderá muito bem o mais claro dos textos, certo? Corretíssimo! Mas por que torná-lo menos compreensível? Clareza, transparência e simplicidade. Essas e outras devem ser as ferramentas usadas por quem serve ao povo.


Judiciário não é academia brasileira de letras. Falei do latim, mas poderia estender o argumento contra todos os termos técnicos e palavras vistas apenas nos livros do Guimarães Rosa. Órgão público não é palco de desfile de servidor, vista ele camisa de algodão ou terno Ricardo Almeida. Poesia tem lugar próprio. Fora dele, é vaidade declarada. O funcionário, antes de escolher a função, deve conhecer bem a cathedra que irá ocupar. Viu? Pouparei o trabalho: quer dizer cadeira.

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