Apesar dos problemas da vida, eu me sentiria completamente satisfeito se conseguisse criar um hábito sólido. Escrever todas as manhãs, cumprir meu planejamento de estudo diário, cortar a coca-zero das refeições, ir além do tênis e sentir prazer na academia, voltar ao estudo do piano...
Mas por que é tão difícil? A dificuldade, pelo menos pra mim, está em saber lidar com a inconstância do humor, a ponto de fazer as mesmas coisas todos os dias, sem avaliar se meu estado mental está propício para seguir repetindo as atividades. Todos nós temos época em que só ouvimos o canto de Chico Buarque: "Tem dias que a gente se sente...".
Outra barreira está na incapacidade de dizer não. Criar um hábito requer sacrifícios. Sabe o chocolate que, por ser bem pequeno, topamos comer enquanto estamos no início de uma dieta? Sabe aquele dia em que sua namorada pede pra sair à noite, quando você está no meio da construção do hábito de acordar cedinho todos os dias? E quando você acorda um pouco preguiçoso e, tendo que ir malhar, vê a cama tentando seduzir mais alguns minutinhos de sono?
O diamante negro de 25 gramas é incapaz de aumentar as bochechas. Dormir mais 10 minutos pra depois ir malhar não vai fazer com que seus músculos cresçam menos. Sair com a namorada fará você acordar tarde no outro dia, mas um dia não cumprido não traz o insucesso de ninguém.
O problema é que, quando o hábito em construção é interrompido, é, também, reiniciado. E, assim, não alcança a maturidade de ser um ato automático. O hábito toma forma quando, de tanto insistirmos, vencemos a resistência. E passamos a executá-lo sem pensar.
Para conquistar um hábito é preciso ser rígido. Dizer não aos detalhes e às exceções. É necessário fazer aquela coisa que você não está interessado naquele momento. É preciso ter a consciência que o caminho de sua formação passa pelo desprazer e pelo incômodo. Basta agir antes que comece aquela entrevista interna que borbulha na confusão da nossa cabeça.
Um comentário:
Como sempre, muito bom!
Postar um comentário