Quero refazer o dito “eu te amo”. O amor não é um estado presente. Quase sinônimo de cuidar, posso dizer “eu cuido de você”. Mas amar alguém requer um conjunto de cuidados. Não é um beijo ou um abraço que constrói o amor. O singular não combina com ele. É a inconstância da vida inteira que o forma. O tempo do amor é o passado. A sua força, o plural incontável.
Cuidar não pressupõe alegria permanente. Quem ama aprende a domar o incômodo dos próprios vícios. Ou, pelo menos, continua tentando. Sempre. Quando verdadeiro, esse sentimento é puro favor. Sacrificamos muito e sorrimos quando recebemos nada. Poucos sabem da delícia rara da troca! Embora saber seja desnecessário. O amor é preenchido de muitas coisas, mas a principal é a gratuidade.
Sobre o amor, é verbo de um só período. Não cabe em promessas, nem casa bem com o presente. São estes tempos da paixão. Entre a vida compartilhada e a coroa do seu fim, o dito é refeito. Por pura crença, assim o quero. Sem certeza do argumento, nem da resposta. “Eu te amei”, é o meu desejado conceito de amar.
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