(Marilyn Silverstone)
Nomeio o casal de João e Maria, que se deixava passear naquele catamarã. Era um evento sem programa, decidido sem horas contadas. Queriam ir e foram. Essa é a direção dos apaixonados. Não sabem do relógio e ignoram a ponta da bússola. De mãos dadas, vão.
João disse uma frase que lera: “O beijo é o ponto róseo da palavra amar...”. Sim, ele citou um poeta de nome esquecido. Mas queria dar um conserto. Interrompendo o sorriso dela, continuou, mas disse nada. Aproveitou o anúncio de um arco, porque receava perder aquele intervalo. Foi debaixo de uma das pontes recifenses, sobre o lençol balançado das ondas, que redescobriu os lábios donos do mundo. Aquele beijo era o ponto sombreado da palavra nervosa.
Maria lembrou. Corriam os dois ao encontro das plantas. Ela à frente, querendo ser pega. João fingia a pressa dos passos, porque gostava daquela fuga dissimulada. Aos quarenta ou aos treze, a cidade inteira vestia-se de praça. Um balanço, uma fonte, um barquinho de papel. João e Maria estavam abraçados pela mesma calda da brisa, brincando lá fora.
Um comentário:
tão lindo tu...
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