(Foto por George Rodger)
Tudo pode dar errado. O serviço público pode não ser atraente daqui a
alguns anos. O setor privado pode passar por alguma crise duradoura no
futuro. O par que formamos pode quebrar. Talvez amanhã. A família,
estruturada, pode ruir. E a nossa saúde, que à aleatoriedade do mundo
pertence?
Procuro um sótão pra guardar a felicidade, escondida dos perigos da terra. Mas não por ser coisa desistida. Lá, fico perto da esperança azulada garantida pelas forças do céu. Insisto acreditar na boa cor, embora as nuvens cuspam um duro choro de pedra gelada.
Com que construo meu templo? Posso revestir as paredes por pessoas amadas. Será que darão o peito por mim, na próxima tempestade? E se fincar no chão um baú de moedas douradas, será que basta contra os furacões da sorte? E as fotos da infância, servirão de filtro às queimaduras da luz, que invadem pela janela?
Procuro um sótão pra guardar a felicidade, escondida dos perigos da terra. Mas não por ser coisa desistida. Lá, fico perto da esperança azulada garantida pelas forças do céu. Insisto acreditar na boa cor, embora as nuvens cuspam um duro choro de pedra gelada.
Com que construo meu templo? Posso revestir as paredes por pessoas amadas. Será que darão o peito por mim, na próxima tempestade? E se fincar no chão um baú de moedas douradas, será que basta contra os furacões da sorte? E as fotos da infância, servirão de filtro às queimaduras da luz, que invadem pela janela?
Busco a saída que ruma à calma. Não são os amigos que me levarão a ela. Nem os de sangue. Já vão com os ombros carregados com as dores do próprio corpo, pra dar sustento a mais uma. Não é o passado que irá trazer a coragem do primeiro passo, porque é trabalho dele ir ao contrário.
Fecho os olhos. Por onde anda, aqui dentro, a justificativa do meu berço? Onde está, dentro de mim, o conforto? Encontro dúvidas. Por aqui, dizem com portas abertas. Por qual delas me dou por vencido e aprumo o corpo em direção? Abro os olhos. Sei que tudo pode dar errado, mas enfrento. O caminho é adiante, fora desse sótão construído. A estrada sou eu lá fora, inacabado.
2 comentários:
Muito, muito bom. E parece tão sincero... E eu entendo tanto... rs Continue escrevendo! E depois publique pra eu poder dizer que meu autor brasileiro contemporâneo preferido é Hugo Cravo. xD
hahaha Obrigado, Luciana! Mas não sei se um dia vou publicar algo, porque eu tô sempre insatisfeito com o que escrevo... =P
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