(Guy Le Querrec)
José disse:
- A religião é uma unidade de medida. É a forma mais fácil de saber o tamanho da ignorância. Diziam que o Sol era um Deus. Era algo divino. Um fenômeno inexplicável. Só que depois de um pouco de estudo, alguém descobriu que era apenas um tipo de estrela. Algo como combinações químicas e uns átomos abraçados.
José continuou:
- Alguém me perguntou o que era Deus. Pra que ele servia. Eu expliquei sua utilidade. Deus é uma ignorância transitória. Quando não conseguimos explicar algo, cientificamente, é Deus. É milagre. Mas, depois de um pouco de esforço mental, Deus desaparece. Quero dizer: passa a existir em algum outro mistério. Não dura muito: algumas fórmulas matemáticas bastam pra transformar Deus em outra dúvida a ser esclarecida futuramente. Deus é, pois, o topo da régua.
José prosseguiu:
- Eu acredito em Deus. Ele é bom para todos nós. Minha opinião sobre ele é só um pouco diferente. Deus é o estímulo que serve para o homem seguir em frente, descobrindo.
José corrigiu e terminou:
- Melhor eu dizer que não acredito em Deus. Aliás, eu não acredito em nada. Eu sei ou não sei. Eu sei que desconheço a origem do homem. Mas estudo. Eu sei o que é Deus: uma meta.
Foi tudo que José disse ao Padre àquela noite. Saiu da igreja e voltou feliz pro templo que tinha em sua humilde escrivaninha.
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