Aristóteles dizia que excelente é o exercício do que temos de melhor. O homem, então, é excelente se pensar melhor, porque é o que o distingue dos animais. É por ele ter razão que a mulher não tem obrigação de passar a camisa do homem. Distinguir o homem da mulher, elevando-o sobre ela, é usar critério falho: que alguém é melhor por ser fisicamente mais vigoroso. Entre humanos, melhor é quem pensa melhor. E o gênero não define a qualidade do pensamento.
Errado estava Homero, que já descrevia Hera, mulher de Zeus, submissa a ele. Percebe-se aqui: "Senta-te agora; sossega e reflete bem nisso que digo. Nem mesmo todos os deuses do Olimpo valer-te puderam, se minhas mãos invencíveis em ti suceder que se abatam".
Pelo oposto vai minha interpretação de Aristóteles: ele já sabia do dever de lavar as panelas após o jantar. Da briga literária dos sábios, uma coisa é certa. A submissão dos homens e mulheres só existe se mútua: um diz meu bem; o outro responde igualmente, com um beijo, ou chamando, sem obediência, de meu amor.