Algumas perguntas são culpadas. Têm o ritmo da canção do bandido. Não procuram resolver uma curiosidade, somente. Elas são feitas querendo um gesto nu: sem as vestimentas da mentira. Nem todo mundo age de modo sincero. Quero dizer: as pessoas têm algo a esconder.
Ah, se eu, usando bem as frases mortas em interrogação fosse capaz de descobrir o que guardam os outros atrás do biombo da face! Eu não teria aquela desgostosa atuação de quem é descoberto, frente à câmera, pela câmera. Conquistaria, por mim, através de mim, um gesto simples e natural.
É o sorriso que eu busco, que se fez sem a vaidade de ser visto. Quero as sobrancelhas arqueadas de surpresa, que não pela lente apontada. Busco até a lágrima, se não expulsa pelo desejo da pena.
Quero a pessoa em uma sala distante, vazia, com um fundo uniforme. Uma câmera. Não exigiria tanto mais. Gostaria de segurar apenas a interrogação pendurada no encanto da letra que, ao balançar, lado a lado, no íntimo alheio, entregasse o suco do caráter! Seria uma conquista, pendurar em minha parede a personalidade revelada...
É um filme. Tudo bem. É mentira. Mas, se verdade fosse... inveja.
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